Convento dos Capuchos de Alferrara
As origens do Convento dos Capuchos de Alferrara (Nossa Senhora da Conceição dos Frades Franciscanos Capuchos de Alferrara) remontam ao ano de 1383, fundado por monges arrábidos, pertencentes ao ramo franciscano da mais estrita observância, votados ao silêncio, à contemplação e à mais alta pobreza. O convento localiza-se na serra dos Gaiteiros, em pleno parque natural da serra da Arrábida, desfrutando de condições ambientais e paisagísticas únicas, salientando-se a abundância de água, razão última da fixação dos frades capuchos neste lugar. Após a extinção das ordens religiosas em Portugal, no ano de 1834, foi abandonado e a degradação progressiva propiciou o atual estado de ruína. Entre 2010 e 2012, a AMRS (Associação dos Municípios da Região de Setúbal) promoveu um plano de estabilização do edificado (e o traçado de um percurso turístico) visando a reflexão sobre um futuro plano de reabilitação deste conjunto patrimonial.
Apesar do estado de ruína, o convento de Alferrara mantém legível a sua traça original, oferecendo uma oportunidade privilegiada de descodificação dos espaços conventuais e das suas inter-relações, cujas regras se encontram definidas nos Estatutos da Província de Santa Maria da Arrábida.
Neste contexto, pretende-se reconstruir, digitalmente, a ruína e proceder a uma leitura interpretativa da sua organização espacial e dos seus usos, à luz dos estatutos arrábidos, complementada por comparações interpretativas com edifícios similares. Pretende-se, também, compreender a relação do convento com o lugar, nomeadamente com os recursos hídricos sempre fundamentais para a subsistência dos conventos. Nesse sentido, a cerca do convento será, também, objeto de reconstituição digital.
Esta abordagem, a desenvolver em ambiente HBIM, permitirá fixar o estado físico atual do edifício, aprofundando o seu conhecimento e as suas razões de ser, contribuindo para o futuro plano de reabilitação.